Trabalhe enquanto os outros... VIVEM. Ouvi isso minha vida toda, desde os 15 anos eu trabalhei para conseguir ter algo e acompanhar a evolução desenfreada da tecnologia. Como um filho dos anos noventa, cresci cercado de telas e conteúdo desde muito cedo. De um lugar mais rural, de onde eu venho, Capinzal no meio oeste catarinense, qualquer avanço tecnológico que tu tinha acesso na infância e adolescência acabou virando um diferencial no futuro. Meu primeiro emprego de carteira assinada foi para "mexer no computador". É claro que era mais que isso, eu me inseri no meio do ramo das autopeças, onde em um mercado muito de nicho, minhas habilidades como técnico em informática eram super úteis.
Por exemplo automatizar o cadastramento de uma loja antiga que ainda usava papel e caneta para emitir algum tipo de nota e fazer controle de estoque. E o pior que foi assim que eu fui parar na geologia, sem nível universitário, por ser bom com computadores, eu consegui acompanhar e chegar a me formar como geólogo. Como a tecnologia formou minha carreira, mesmo sem exercer a profissão de TI é algo que me faz pensar, nas geociências eu virei o cara dos mapas, claro a geração com a qual estudei ainda carecia de pessoas com proficiência em informática, diferentes dos nativos digitais do pós anos 2000.
Mas por ter essas habilidades naturais pelo uso de tecnologia de tão cedo, meu caminho de aprendizado e profissional foi um caos até aqui. Eu já trabalhei de tudo, desde vendedor até segurança, marceneiro, operador de painel elétrico, topografo, eletricistas, tudo isso simultaneamente a ser técnico em informática desde os 17 anos, montagem manutenção de eletrônicos e softwares, é meu hobbie e minha vida, desde que sou adulto, sou filho de um eletricista de padrão residencial, o cara da tecnologia das décadas passadas, eu sou uma espécie de legado próprio. E um computador é como se fosse meu segundo braço.
Consegui virar meu sonho, um cientista e com isso me moldo agora para ser um geólogo, voltado a tecnologia. Porem toda experiência em trabalho físico conta em mim também, as fomes e esforços que passei só pelo simples fato que nunca parei de me especializar, nunca quis me submeter ao mínimo da minha capacidade, sempre quis o máximo, e aqui chego depois dessa jornada que começou quando tive a oportunidade de estudar, algo que não é padrão pra época e lugar que venho. Do entregador de panfleto para o geólogo teve muita dor, muita incerteza, muito medo. Mas também muita resiliência.
Vontade de chegar lá, e acabo de perceber que o computador que estou utilizando para escrever esse texto está comigo a 11 anos. Um processador I7 de 4 núcleos, meu primeiro PC montado com suor de trabalho de vendedor, enquanto cursava o 3 ano a noite. Óbvio que já passou da hora de atualizar ele, mas ainda não tenho essa oportunidade, mas em breve vou ter, porque cheguei até o fim, mesmo a sociedade e capitalismo tentando me colocar no lugar de proletariado, eu luto pelo proletariado e eu fui dele durante todo esse tempo, mas eu não sou só isso, eu sou um CIENTISTA.
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